Estudantes fazem a maior manifestação do ano contra governo de Piñera, na capital do Chile

Protesto é ápice da semana em que revoltas voltaram a acontecer na capital do país, após retorno de férias estudantis

O Globo e agências internacionais

SANTIAGO — Milhares de pessoas se reuniram, nesta sexta-feira, na Praça Itália, em Santiago, no maior protesto deste ano contra o governo do presidente chileno, Sebastián Piñera. Os manifestantes voltaram com força às ruas do Chile nesta semana, depois do fim das férias escolares. Ao todo, 35 pessoas foram detidas e 75 policiais ficaram feridos. Uma pessoa, um homem de 43 anos, morreu.

As manifestações contra o modelo social e econômico chileno irromperam em outubro e sacudiram o país até meados de dezembro, levando a uma crise social sem precedentes — a maior desde a redemocratização em 1990.

Nesta sexta, os manifestantes começaram a se reunir durante a tarde nos arredores da praça central da capital chilena, epicentro dos protestos sociais desde que as revoltas eclodiram, em 18 de outubro do ano passado. A banda chilena Illapu fez um show na varanda de um dos prédios que ficam na praça.

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A polícia cercou o local e usou jatos de água e gás lacrimogênio para dispersar alguns manifestantes encapuzados que atacavam os agentes com pedras e paus — uma cena que se repete a cada sexta-feira, há quatro meses. Pelo menos três manifestantes tiveram lesões oculares.

A Avenida Alameda, que fica próxima à praça, foi interditada em ambos os sentidos, e as estações de metrô da região também foram fechadas devido à grande quantidade de pessoas que se concentravam no local.

Nesta sexta-feira, também houve manifestações em outros pontos da cidade, lideradas principalmente por estudantes secundaristas. De manhã, houve confronto nos arredores do Instituto Nacional — que fica a poucas quadras da residência oficial —, após jovens lançarem bombas do coquetel molotov e enfrentarem agentes da polícia. Também foram registrados, como aconteceu ao longo da semana, incidentes no interior do metrô, que causaram o fechamento de ao menos 30 estações.

Os protestos tiveram como causa inicial o aumento da tarifa do metrô. As reivindicações rapidamente se voltaram contra o modelo socioeconômico do Chile, que, apesar de ter a maior renda per capita da América do Sul, está entre os mais desiguais.

Os  chilenos participarão de um plebiscito convocado para o dia 26 de abril para decidir se mudam ou não a Constituição do país, que se mantém como herança da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Em quase cinco meses de protestos, 30 pessoas morreram, estações de metrô foram incendiadas e centenas de estabelecimentos comerciais sofreram saques.

Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/estudantes-fazem-maior-manifestacao-do-ano-contra-governo-de-pinera-na-capital-do-chile-24291910?fbclid=IwAR0vjTl401Zp-rCPfKfszY0VcH0ZC6KP6e_4zPJJXGrzW38UgnXb0jhipz4