Hospitais privados do Rio têm ocupação de 90% nos leitos de Covid, diz associação

Para diretor da Associação de Hospitais do Estado do RJ, maior preocupação atualmente é o aumento no contágio de crianças. ‘Elas estavam reclusas, agora vão à praia’. Em giro pela cidade, G1 viu praias cheias e flagrantes de desrespeito às normas de flexibilização.

Por Cláudia Loureiro, G1 Rio00/00:47

Rede SUS tem 881 pacientes internados em leitos de Covid

A 13 dias de chegar à última etapa do plano de flexibilização do Rio – a chamada Fase Conservadora –, a taxa de ocupação de leitos para Covid-19 chegou a 90% na rede privada.

“Após o feriado de 7 de setembro, começamos a notar um aumento na procura de pacientes com sintoma de Covid-19. Dos leitos ofertados atualmente para Covid-19, a gente está com 90% de ocupação”, diz Graccho Alvim, pediatra e diretor da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo ele, são cerca de 500 leitos destinados à Covid na rede privada – aproximadamente 450 deles estão ocupados.

Na rede SUS do município — que inclui leitos de UTI nas unidades municipais, estaduais e federais — o percentual de ocupação é de 75%. Nas enfermarias, a taxa é de 57%.

Ocupação chegou a 97%

Alvim explica que maio foi o pior momento da pandemia no Rio, com ocupação de 97% na rede privada. Naquela época, as cirurgias eletivas estavam suspensas e todos os leitos eram destinados para tratamento da Covid-19 ou para urgências e emergências.

Em julho, houve diminuição na taxa de contágio e, no começo de agosto, a taxa de ocupação caiu significativamente, chegando a 30%. Sem demanda, os leitos Covid foram transformados em leitos para emergências e cirurgias cardíacas e ortopédicas, por exemplo.

Possibilidade de ampliação de leitos

Apesar da taxa de 90%, Alvim explica que é mais fácil gerenciar a oferta e procura na rede particular do que na rede pública.

“A rede privada tem a capacidade de regular o leito Covid de acordo com o crescimento da doença. Se a gente tem um crescimento exponencial e precisa do dobro de leitos, a gente tem condições de destinar aqueles leitos que não são Covid e transformá-los em Covid”, diz o pediatra.

“Tem um hospital que no início de agosto estava com 3 pacientes de Covid. Hoje tem ele tem 35. Ele teve que reabrir mais duas UTIs para poder atender esses pacientes”.

Aumento de casos entre crianças

Alvim explica, no entanto, que a maior preocupação é o aumento no contágio de crianças. Desde quinta-feira, as aulas estão autorizadas na rede particular de ensino.

“As crianças estavam reclusas. Agora elas saem, vão à praia. Percebemos um aumento de contágio e de internação de crianças”, explica o pediatra, que não soube precisar o percentual.

“O grande problema é que os leitos de CTI pediátrico são escassos. São poucos. A gente não tem uma oferta tão grande porque por muitos anos as crianças estavam saudáveis.”

“Obviamente, o que nos preocupa também é que atualmente não temos mais os hospitais de retaguarda, que são os hospitais de campanha. Isso é uma preocupação também, porque vai existir um maior fluxo dentro da rede privada”.

Para o médico, a expectativa é de aumento nos casos de Covid no Rio, principalmente por causa da aglomeração nas praias.

“Se verificarmos a população, até como ela está se comportando, é uma questão de tempo para termos um aumento. A gente teve essa experiência de estudos tanto na Flórida como na Califórnia. A Flórida chegou a 97% de ocupação após a reabertura das praias”.

Nova fase de flexibilização e praias cheias

Cariocas lotam a praia no dia mais quente do ano — Foto: Marcos Serra Lima/ G1

Na quinta-feira (1), começou uma nova fase da flexibilização do isolamento no Rio. Foram liberados eventos em espaços abertos, shows e festas com restrição de lotação.

Cinemas, que já estavam autorizados, mas não podiam vender pipoca, agora já podem. Com isso, a maioria das salas da cidade reabriu na quinta-feira.

Seguem proibidas boates, rodas de samba e a abertura de pistas de dança.:00/00:35

Cariocas lotam praias mesmo em meio a pandemia

Nas praias, nada mudou. Os banhos de mar estão autorizados, mas a permanência na areia continua proibida. O que se vê na orla, no entanto, é uma onda de desrespeito e de falta de fiscalização.

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/10/02/hospitais-privados-do-rio-tem-ocupacao-de-90percent-nos-leitos-de-covid.ghtml