Equador estuda aplicar elementos da educação indígena em escolas convencionais

“O Equador avalia implantar características da educação indígena em escolas convencionais, seguindo princípios de qualidade de vida, vigentes na nova Constituição do país, aprovada em outubro de 2008. O molde tradicional prevê que a educação seja mais pessoal e aconteça também fora da escola. Seguindo o modelo, o ensino acadêmico seria influenciado pela transmissão oral de conhecimento, pela maior aplicabilidade dos conteúdos e pela sua validade para qualquer geração. O molde indígena é inspirado no conceito tradicional andino de “viver bem” — com condições para que o indivíduo desenvolva todas as suas capacidades — que inspirou a reforma constitucional do país.

“Passamos hoje por várias crises e a educação comunitária é mais eficiente para formar indivíduos aptos a superá-las que o modelo individual, que cria consumidores”, avaliou a ex-ministra da Educação do Equador, Rosa Maria Torres, durante o Encontro Internacional de Educação, realizado entre 23 e 25 de fevereiro, em Osasco (SP). “O modelo ainda não foi implantado em escolas convencionais e se mantém confinado aos povos indígenas. Há um descompasso entre a nova Constituição e as políticas de educação”, avalia. A educação no Equador é obrigatória dos 5 aos 14 anos. Em setembro de 2009 o país se autoproclamou “”pátria alfabetizada”” ao anunciar a redução da taxa de analfabetismo de 9% para 2,7%.

Tecnologia – O uso da tecnologia na educação na América Latina também foi comentado pela ex-ministra equatoriana. Segundo Rosa, o tema precisa ser avaliado com cuidado. “O que acontece nos países do Norte automaticamente é copiado no Sul. É necessário avaliar se temos condições de implantar essas medidas com eficiência”. “A maioria dos países da América Latina não tem 100% do seu território coberto por energia elétrica e nem todos os professores estão preparados para lidar com softwares de educação”, comentou. “Além disso, é preciso redobrar a atenção, pois há muito mais informação que conhecimento na Internet”.

Fonte: Portal Aprendiz, 01/03/2010