Conselho da UFPel aprova cassação de títulos ‘doutor honoris causa’ de presidente e ministro da ditadura militar

Universidade Federal de Pelotas havia concedido honraria a Emílio Garrastazu Médici e ao então ministro da Educação, Jarbas Passarinho, na década de 1970. Proposta precisa passar por análise de outro colegiado da instituição.

Por g1 RS

Ex-presidente Emílio Garrastazu Médici e ex-ministro Jarbas Passarinho — Foto: Centro de Referência de Acervos Presidenciais e Reprodução/g1

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aprovou, nesta terça-feira (5), a cassação dos títulos de “doutor honoris causa” concedidos ao ex-presidente Emílio Garrastazu Médici e ao ex-ministro da Educação Jarbas Passarinho. As homenagens foram concedidas durante o regime militar, em 1970 e 1972, respectivamente.

A votação foi unânime. Agora a proposta será discutida pelo Conselho Diretor da Fundação, em reunião ainda sem data para ocorrer.

A reitora da UFPel, Isabela Andrade, se posicionou favorável a resolução, citando os 60 anos do golpe militar, relembrados em março de 2024.

“Havia a necessidade dessa reparação histórica por parte da nossa Universidade”, afirma.

A proposta de revogação dos títulos foi apresentada pela Comissão para Implementação de Medidas de Memória, Verdade e Justiça na UFPel, criada em 2023.

Em 2022, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) cassou os títulos de doutor honoris causa concedidos aos ditadores Médici e Arthur da Costa e Silva.

Este ano, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou que a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) revogasse os títulos “honoris causa” dados a Costa e Silva e Humberto de Alencar Castello Branco.

Quem foi Médici

Natural de Bagé (RS), Emílio Garrastazu Médici nasceu em 1905.

O general foi chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de espionagem da ditadura, entre 1967 e 1969. No mesmo ano, Médici assumiu a Presidência da República, durante o regime militar.

O ditador governou até 1974, período reconhecido como o mais truculento da ditadura. Foram registrados 362 mortos e desaparecidos no país durante a o regime militar, sendo 149 apenas durante o mandato de Médici.

Emílio Garrastazu Médici morreu em 1985, aos 79 anos, no Rio de Janeiro.

Quem foi Jarbas Passarinho

Jarbas Gonçalves Passarinho nasceu em Xapuri (AC), em 1920. Também militar, foi tenente-coronel do Exército e acabou empossado governador do Pará já durante a ditadura.

Passarinho ocupou diversos cargos no regime militar. Foi ministro do Trabalho de Costa e Silva, ministro da Educação de Médici e ministro da Previdência de Figueiredo.

O político também foi senador e, após o regime, atuou como ministro da Justiça no governo de Fernando Collor.

Jarbas Passarinho morreu aos 96 anos, em Brasília, em 2016.

Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/03/06/conselho-da-ufpel-aprova-cassacao-de-titulos-doutor-honoris-causa-de-presidente-e-ministro-da-ditadura-militar.ghtml